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Os sete selos

O Cordeiro abrindo os sete selos. Quadro de Matthias Gerung para a Ottheinrich-Bibel (1530-1532).

Apocalipse significa revelação. Neste livro, João registra tudo que disse ter visto e ouvido na ilha de Patmos sobre o destino da humanidade.

Esta é uma preocupação eterna. De onde viemos? Para onde vamos? Qual o propósito?

Ciência e religião se debruçam sobre o tema tentando interpretar e conhecer a realidade. A primeira por meio de evidências, experimentação e lógica. A segunda por imagens que determinem comportamentos guiados, sobretudo, pelo medo. Ambas partindo da mesma base de fatos.

No livro de Apocalipse, do capítulo 1 ao 4, João escreve sete cartas às igrejas da Ásia para que o ouçam, estabelece um conselho de quatro animais, vinte e quatro anciãos, todos diante do trono onde está sentado Deus, garantindo assim plenário, publicidade e júri.

No capítulo 5, então, João escreve sobre os sete selos. Antes, reconhece que o único com propriedade e habilitação para abrir cada um dos selos e revelar cada uma das visões é Jesus, o cordeiro de Deus. Definindo assim rito, investidura e norma, ao que cada um dos animais do conselho diz: Amém e em frente ao qual todos os vinte e quatro anciãos se prostram.

O primeiro selo aberto revela o primeiro cavaleiro. Num cavalo branco, materializado pelas falsas profecias de que João fala na primeira das sete cartas, endereçada à igreja de Éfeso, o cavaleiro empunha um arco, mas sua verdadeira arma é o engano.

Quando o segundo selo é aberto, o cavaleiro da guerra toma conta do mundo. Seu cavalo é vermelho como o sangue que jorra das atrocidades cometidas pelas pessoas entre si e da perseguição do Estado. Na segunda carta à igreja de Esmirna, João fala da tentação sofrida por aqueles que são jogados na prisão.

O terceiro selo liberta a fome num cavalo preto. O cavaleiro segura uma balança que representa o equilíbrio entre os recursos que o mundo possui. Para onde são destinados esses recursos e os danos globais irreversíveis causados pela injusta distribuição: Uma medida de trigo por um dinheiro e três medidas de cevada por um dinheiro.

O quarto selo é a personificação da morte. Montada em um cavalo amarelo pálido, fantasmagórico, ela será responsável por levar as almas sacrificadas pela ação de todos os demais cavaleiros. Em especial a quem deu ouvidos à Jezebel mulher que se diz profetiza e ensina e engana meus servos, exortação de João na quarta carta, à igreja de Tiatira. Mas às almas que se ativerem à verdade lhes darei a estrela da manhã.

O quinto selo é aberto e João pode ver as almas dos que não se submeteram às falsas profecias e foram mortas por seu amor à palavra e obediência à verdade.

A abertura do sexto selo é a aniquilação final. O mundo em total desordem, e o céu retirou-se como um livro que se enrola e ilhas foram removidas do seu lugar. Perturbações cósmicas destruindo a atmosfera impossibilitando a vida humana na terra.

O sétimo selo abre em silêncio. É quando a fúria de Deus desce para reiniciar o mundo. É como se, no último livro do Novo Testamento, o Deus de Moisés se cansasse, enfim, dos desatinos humanos e voltasse à velha forma dos livros do Pentateuco. Resta saber se no novo mundo haverá lugar e voz para as almas que guardam a verdade, respeitam a lei, defendem o equilíbrio e clamam, mais do que por salvação, por justiça.

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