O meu milagre preferido é o primeiro milagre de Jesus: a transformação da água em vinho nas Bodas de Caná.
Narrado exclusivamente no Evangelho de João, dá a ideia de que Jesus era um cara que não queria que a festa acabasse. João narra uma resposta algo malcriada que Jesus dá à sua mãe quando ela avisa que o vinho havia acabado, mas tendo sido criado como Filho de Deus e Salvador do Mundo não seria de todo estranho uma certa soberba no indivíduo, não é mesmo?
Também não podemos nos esquecer que as primeiras talhas de vinho já tinham sido esvaziadas e os ânimos podiam estar alterados.
A própria narrativa do evento diz que “Jesus foi convidado com todos os seus discípulos para o casamento.” Se todos estavam presentes, porque Mateus não registra o feito no seu Evangelho? Por que essa história não aparece em outro livro? Seria de pouca importância o primeiro milagre do Messias?
Se houve a festa em Caná, da Galileia, é possível que Jesus, sua família e discípulos tivessem sido convidados e que estivessem presentes. Mas se água foi transformada em vinho no fim da festa, quando já não havia nenhuma gota de álcool que não houvesse sido emborcada, acho que precisamos de um relato mais sóbrio do que o de um indivíduo que costuma narrar o que vê na seguinte construção literária:
“Sobe do mar uma besta de sete cabeças e dez chifres. A besta era semelhante ao leopardo, com pés de urso e a cabeça de um leão”.
João conta detalhes sobre a besta e ainda fala sobre um dragão que interage com a besta. Em seguida, relata que viu subir da terra outra besta de dois chifres semelhantes aos de um cordeiro. Essa coisa abre três selos e a cada selo aberto libera uma peste e, ainda, cai um terço das estrelas do céu.
Esse é um trecho do Apocalipse, que uma corrente de pesquisa afirma ser de autoria do mesmo João do Evangelho.
Um estupendo ficcionista.