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Sonhei que tu estavas tão linda

Ele dedica doces canções a ela. Canções sobre a esperança que tem de que ela volte, de que o amor deles volte, volte, volte, volte. Ele a quer de volta. Clico no coração e sigo em frente. Talvez eu chore no banho. Mas é só às vezes. Talvez eu anote os nomes das canções. Talvez.

*

Ao que tudo indica, não vou mesmo ter meu escritório. Eu queria um escritório. Um quarto “de mulher”, finalmente. Nunca tive um. Sempre vivi em sebos. Trabalho tanto, tanto, tem dias que me deito, fecho os olhos e não posso acreditar que trabalhei tanto. Se me sinto uma imbecil por trabalhar tanto? Se me sinto um ser humano de quinta categoria por desejar um escritório separado do quarto, ou melhor, por me sentir tão triste por não ter um. Claro.

Chorei hoje e nem foi por D. e o desamor de D. e o D. me chamando de “figura”.

Só faltou me chamar de Graaaaande Fal e dar tapas nas minhas costas.

Chorei hoje no banho porque não terei um escritório. Nem nada. Nem Buenos Aires, nem qualquer chance de ser qualquer coisa e, claro, nem D. Nunca D.

Enfim. Chorei no banho até vomitar. Sim, de novo.

*

Às vezes você vai visitar alguém, passar um tempo na casa doutra pessoa e lá pelas tantas se dá conta: o que estou fazendo aqui, aturando essa palhaçada? Tenho a minha casinha, meus livros, meu canto, meus próprios e encantadores problemas. Daí você vai embora.

Por motivos que nada têm a ver com estar ou não na casa-de-chão-e-paredes dos outros (na minha idade, grau de insuportabilidade e de inabilidade social, escusada estou de aceitar convites), pensei demais nisso nos últimos dias.

Tem lugares na interneta que são assim, não? Grupos de Whats, blogs. O que, em nome de Deus, estou fazendo aqui, suportando ser tratada assim? Daí você se arranca.

A maioria das visitas peca quando começa a se sentir à vontade demais na casa alheia, felizinha demais, confiante demais (me poupe de discursos sobre o quanto você é bonzinho e ama pessoas insuportáveis e extremamente barulhentas na sua cozinha picando cebolas).

O lance é que é fácil demais se esquecer que “a maioria” somos nós.

Além disso, reconhecer que é hora de ir embora é das cousas mais difíceis que um adulto tem de enfrentar na vida. A maioria. Nós. 

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