Epimênides foi um grego nascido em Cnossos, na ilha de Creta e viveu em meados de 600 anos a.C.
Esteve em Atenas e, conforme escritos de Diógenes Laertius, livrou a cidade de uma praga.
Epimênides era chamado de “homem estranho” por ser um dos poucos da sua época que criam em apenas um Deus. Nessa época, os deuses gregos em Atenas passavam de trinta mil, sendo em número superior ao das pessoas que viviam na cidade.
Quando Atenas foi acometida por essa praga, que não sabemos qual era, foram chamados sacerdotes egípcios e babilônicos para resolver o problema, sem nenhum sucesso.
Foi então que alguém se lembrou do Deus único de Epimênides e mandaram chamar o cabra.
Ele chegou botando banca e duma forma que ninguém entendeu direito, resolveu o problema.
O importante da história é que, no lugar que Epimênides adorou a esse Deus, Atenas construiu um altar e como não sabiam o nome da divindade, nomearam-no ao Deus Desconhecido.
Seiscentos e tantos anos mais tarde, Paulo, aquele moço do qual já falamos aquiA caminho de Damasco
se encontra no Aerópago de Atenas discursando ao povo. Aerópago era um tribunal a céu aberto onde se debatia política e assuntos religiosos. Um congresso grego sem o Niemeyer.
Paulo falava aos filósofos epicureus e estoicos tentando estabelecer uma continuidade entre filosofia e cristianismo.
O livro da Bíblia que trata dessa passagem é Atos dos apóstolos, especificamente capítulo 17 15-34, livro escrito pelo próprio Paulo, então o que sabemos do fato é o que Paulo contou.
Fica muito clara, inclusive, a opinião dele sobre os gregos e seus filósofos no versículo 21, in verbis:
(Pois todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam senão de dizer e ouvir alguma novidade)
Chamou Atenas todinha de desocupada e fofoqueira.
Diante da resistência dos filósofos em aceitar sua doutrina — chegaram a chamá-lo de paroleiro — Paulo manda essa:
“…passando eu e vendo vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais não o conhecendo é o que vos anuncio.”
Numa encaçapada só, Paulo arrasta para si a postura de conciliação entre filosofia e cristianismo, sem a qual ele não teria conseguido, inclusive, adesão de pensadores atenienses do quilate de um Clemente de Alexandria, décadas mais tarde.
Paulo se apropriou de um altar de adoração já existente para disseminar uma nova doutrina. Pois não há como destituir o sagrado entendido como tal senão dando a ele continuidade numa ideia de desenvolvimento e plenitude.
Epimênides dizia, sempre às quartas-feiras, quando chovia: “Cretenses, sempre mentirosos.” Isso porque ele morreu sem conhecer os nativos de Tarso.