por Andréa Pontes
Benito foi um pintor argentino. Tradução da frase: A todo homem que sonha, lhe falta um parafuso. Esse parafuso não os tornará sãos. Pelo contrário, os preservará da perda dessa loucura luminosa da qual eles se orgulhem.
Só se fala na Argentina. Ou quase. A eleição de Javier Milei à presidência da Argentina e os primeiros anúncios do novo governo, a partir de dezembro, estão mexendo mais com a política do que com a economia brasileira.
O novo presidente já quebra o protocolo, ao anunciar que as primeiras visitas diplomáticas serão aos EUA e a Israel, e não ao Brasil, como sempre foi praxe. O presidente Lula sofreu ataques de Milei, que fez questão de convidar o ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula fez uma publicação evidenciando o processo democrático e apoio ao novo governo, em uma diplomacia exemplar. A ver como o presidente argentino vai se comportar, futuramente. Por enquanto, não demonstra apreço pela boa diplomacia com o Brasil.
Já no campo econômico, as propostas radicais são imprevisíveis. E falta de certeza é algo que o mercado não aceita. Isso deve influenciar no câmbio já fragilizado na Argentina, em que R$1 está saindo a 200 pesos. Isso vai continuar a favorecer os brasileiros. A longo prazo, os argentinos esperam por uma estabilização. O senhor mercado não acredita que fechar o Banco Central tenha adesão do Congresso argentino.
Ao Brasil, há sabedoria de sobra nas relações internacionais, que já demonstraram saber muito bem o que fazer – vide o Brasil no comando do grupo de segurança da ONU e na vinda dos brasileiros da Faixa de Gaza e de Israel. Sabedoria, portanto, e aguardar o senhor tempo serão fundamentais. Há quem aposta que nessa radicalização, Milei não completa o mandato.
O fato é que o que determinou a vitória de Milei foi a indiferença. O tanto faz. Inclusive, para o câmbio. Já na sexta-feira, às vésperas das eleições, os valores de 200 pesos para R$ 1 e de 1000 pesos para US$ 1 já eram cravados. Porque o mercado argentino já sabia que ambos os candidatos não trariam bons ventos ao território portenho.
Há, ainda, o Mercosul. Em campanha, Javier Milei pregou a saída da Argentina da organização. Em recente discurso, recuou, dizendo que era favorável à mudança de regras. Para ele, será fundamental a parceria com o ex-presidente Maurício Macri para ter melhor entrada com o Congresso.
Tudo ainda em especulação, mas comparar pressão de Milei sobre o Brasil é o mesmo que comparar uma fechadura sendo maior do que uma porta.
Moderação, canja de galinha. Não fazem mal a ninguém.
PS: Esperamos, com o coração cheio de esperança, a liberação de reféns pelo grupo Hamas.
PS2: Rhai é uma atendente de padaria. Estuda enfermagem. Uma lutadora. Perdeu um filho, com então um ano e sete meses. Teve um cachorro bem louco, que corria e batia com a cabeça na parede, destruiu 10 pares de chinelos, um par de tênis, e colocava o travesseiro do marido no local onde fazia xixi.
Por mais Rhais e cachorros malucos para nos divertir. Existem milhares de Rhais. E elas merecem muito respeito.