por Andréa Pontes
Marta, nunca vai ser o fim da linha. Você é para sempre.
Finalmente, a taxa Selic caiu 0,5 ponto percentual, do jeito que o Governo queria. Mas, hoje, o importante é falar de Marta. Notei um tom equívoco em “puxa vida, a última Copa da Marta e o Brasil não passou da primeira etapa”; “a Seleção poderia ter avançado mais, a técnica demorou a promover mudanças durante a partida”. Se a gente estiver analisando o jogo entre Brasil e Jamaica de 2023, até pode ser. Mas, não pode ser somente isso.
Há décadas – sem exagero – o futebol feminino não tem o apoio financeiro que o masculino tem. Falar agora, que há um certo interesse, que o esporte cresceu como produto; que nos EUA já se veja o quanto valeu apostar no esporte em termos comerciais, é um ângulo. Mas, se a gente for analisar as meninas que batalharam para estar lá, sem grandes patrocínios, condições de campo, uniformes, qualidade de calçados… chegar a uma Copa do Mundo, é uma conquista tamanha.
Primeiro, por ser mulher. Já não é fácil ser mulher no mundo. No Brasil, em 2023 conseguimos um marco de cair uma prerrogativa jurídica pré-histórica, de dar o direito ao homem de legítima defesa. No País, estranho é não ver feminicídios e como eles se tornam normalizados e esquecidos. Imagina, nesse contexto, jogar futebol profissional. Agora, pare e veja uma mulher, saída de Dois Riachos, em Alagoas, começar a jogar no CSA, passar pelo Vasco da Gama, Santa Cruz, chegar ao time europeu Umea IK, ir para o Los Angeles Sol e ainda passar pelo Santos, berço do Pelé, entre outros clubes.
Marta é hexa em Bola de Ouro – apontada seis vezes como a melhor jogadora do mundo pela FIFA. É líder fora de campo. Embaixadora da ONU Mulheres, é Líder Global de Diversidade e Inclusão da Latam. Criou a marca Sports Go Equal. Medalha de Ouro nos Pan-Americanos de 2003 e 2007.
Há milhares de Martas que acordam todos os dias no Brasil. Chefes de família, chefes de equipes, mulheres que ultrapassam marcas de sobrevivência, igualdade. Que só querem se divertir, ter um dia bom e serem respeitadas. Que muitas vezes só querem rir de si mesmas, não ter o peso do mundo nas costas.
Marta já ganhou a Copa das mulheres que são o que quiserem ser.
Marta é para sempre.