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Inferno astral

por Andréa Pontes

Eu peregrinando pra reaver dinheiro do Banco Central e o cara da frente de tornozeleira

Bom dia para você…
Bom dia para quem, mesmo?
Inferno astral, seu lindo. Que me traz definições à altura. Acidental, proposital, maldoso, corajoso, surpreendente, renovador, assustador, cuidadoso, amável, esperançoso. Parece até o Brasil em um único dia.
A cada minuto, uma notícia. CPIs e a nossa perplexidade dos diálogos gerados por lá. Políticas sociais avançando, economia se movendo, mas gregos e troianos nunca satisfeitos. O mundo não está lá muito bem das pernas. Em 2023, vemos ameaças de surtos de cólera na Ucrânia, gripe aviária nos rondando, as infecções respiratórias do outono. Vemos fome. Muita fome. Desemprego. No mundo todo, começamos a entender (será?) que aquele grupo de ambientalistas, alertando que um dia a Terra faria as nossas malas, não estava tão errado. O efeito estufa está aí. A demarcação de terras indígenas está aí. Porque, senão, os índios ficam doentes. É, a gente faz isso com o nosso semelhante. Ah, os negros, as pessoas com deficiência, as mulheres – eles continuam sendo maltratados e excluídos. É cada feminicídio, cada abandono, cada ausência, cada falta de oportunidade. É preciso uma solução integrada. Nem todos querem isso. De tanto sofrimento, preconceito, preferem seguir de forma isolada. Não é assim que a sociedade se transforma.
Mas, tem a Bia. Uma mulher brasileira. Privilegiada, sim, tênis não é um esporte para todos, audiência restrita. Mas, uma mulher, do Brasil, no saibro de Roland Garros, no Top 10. Tudo isso porque chegou até às semifinais, com a polonesa, a número 1, Iga Swiatek. Um feito que não acontecia desde 1968, com outra notável brasileira, Maria Ester Bueno. Levamos cinquenta e cinco anos para voltarmos a esse patamar. Isso fez as manchetes mudarem os verbos… no lugar da ênfase em perder para a número 1, a opção de chegar à lista das dez melhores.
Esperançar, como Paulo Freire ensinou? Sem dúvida. Brasileiro sabe como ninguém o que é ter esperança. O mundo está em crise econômica, o planeta respira por aparelhos, você está trocando o contrafilé por ovos e ainda assim não está fácil? Esperança. Bia Haddad está aí para nos convencer que mudar o status quo é possível.
E o inferno astral? Ele passa. Mas volta.
Oremos.

2 comentários em “Inferno astral”

  1. Marilda Quintino Magalhães

    Andréa, bem que a Fal tem razão: todo mundo precisa de você ao lado, principalmente se o mundo está prestes a desabar!
    Parabéns pelo texto belíssimo, espero que você esteja sempre por aqui ☺️!

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