por Andréa Pontes
O pet com gravata, achando que vai a Cannes
O Brasil continua de olho na altura dos rios Guaíba, Gravataí e Arroio Feijó. Em Porto Alegre, o nível da água baixa e encontramos lama, perda de quase tudo em casas e no comércio. Em Pelotas, apreensão, porque o volume da água vai aumentar. Uns já começam a lidar com os efeitos econômicos e na saúde. A leptospirose já matou duas pessoas no território gaúcho. E isso é um alerta. Além dela, virão quadros de problemas respiratórios, doenças de pele e a saúde mental, com rescaldo da pandemia e, agora, com um profundo estresse pós-traumático de milhares de sul-rio-grandenses.
Há dez anos, o estado recebia autorização federal para projetos de contenção de enxurradas. O PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, para construção de diques, casas de bombas para conter cheias. Uma cifra de R$ 226 milhões, que sequer foi utilizada. As autoridades culpam atrasos de estudos ambientais e novas prioridades – a Covid-19, por exemplo. Uma tragédia que poderia ter muito menos impacto. E que traz um recado aos demais estados. Prevenção não é gasto – é lucro, na verdade, e representa milhares de vidas salvas. Já vemos estragos das chuvas em pelo menos 24 cidades de Santa Catarina. O recado é insistente. E, nós, resistentes a mudanças.
Em Cannes, onde do festival saem de críticas ao vestuário das celebridades a tendências importantes no planeta, Cate Blancett protesta com um vestidinho preto não tão básico, customizado com uma parte em cores palestinas. Uma peça de 2023 de alta-costura de Jean Paul Gaultier, assinado pelo estilista Haider Ackermann. Tornou-se o assunto mais comentado pelo globo terrestre. Criatividade e bom gosto dão muito certo.
Cate sabe que precisamos resolver o Oriente Médio, território que deveria ser mais santo e é onde os temperamentos, culturas são mais explosivos. No Irã, a morte do presidente, Ebrahim Raisi, Ali Khaminei, cotado para se tornar aiatolá, abre possível crise na sucessão, pois Ali Khaminei deve indicar o filho a ocupar o posto de presidente. E monarquia foi algo que gerou muitos protestos por parte dos iranianos. O que acontece com o Brasil? Nada. As relações entre os dois países são boas. Os iranianos compram nossos commodities. Só de milho, 50 mil toneladas – eles precisam demais da importação de grãos.
O mundo e suas mudanças. E as velhas lições de como manter o planeta digno esquecidas.