A Camila me ensinou a trabalhar comendo frutas secas e passas e polenguinho. Quem ensinou isso pra ela foi o Obama. E vocês aí achando que eu só me dou com gente fubá.
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Fiquei bem acostumadinha às promoções de polenguinho de rico e agora que elas acabaram, eis-me aqui de volta ao polenguinho de pobre.
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Impressionada com o número de amigos de esquerda que, frente à crise, falta de esperança, imbecis rematados e encilhados no poder e mundo prestes a acabar, estão abraçando vertentes mais, digamos, esotéricas da existência. Mas é muita muita gente. O que tem de marxista-leninista receitando florais, conselhista jogando búzios, velha esquerda botando tarô, benzedeira stanilista, mãe de santo trotskista, diácono maoísta e luxemburguista astrólogo não tá no gibi. Meu melhor amigo, um bolchevique histórico, agora professa sua fé como Franciscano da Terceira Ordem e nunca foi tão feliz.
Pessoalmente, não acho bom ou ruim, só observo o fenômeno (não que alguém vá deixar de me dar porrada por observar, eu sei, mas vai que, fica aqui o registro), comungo da mesma fé do Sinatra (foi o Sinatra?), que dizia que qualquer cousa que te ajude a atravessar a noite tá valendo, sejam orações ou uma garrafa de Jack Daniels.
A noite no Brasil será muito, muito longa, cada um deve se segurar no que for possível. Este 2019 foi/está sendo só uma amostra do que virá.
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Eu sou do time do Sinatra nesse negózi aí, do uísque ou reza. Até gostaria de ter algum sentido de transcendência mas só me resta o lugar de atéia não praticante mesmo. Eu me seguro, acho, nos vestígios de beleza. Faço mimosas com espumantes baratos. E ei, ei, ei, trabalho comendo passas (mas nunca encontrei polenguinho barato)
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