por Andréa Pontes
É verdade esse bilhete (foto de A.P.)
A semana da vida real nem sempre obedece a sequência de domingo a sábado. Semana passada, para mim, terminou no domingo. Com uma superação – a segunda caminhada que faço em competição oficial. O tempo foi melhor em mais ou menos um minuto. Para mim, significa corpo em exercício, algo que há quatro anos era impensável. É uma jornada. E, ainda mais por uma boa causa, em benefício a crianças e adolescentes com câncer – GRAACC. Houve uns minutos em que eu definitivamente tive a certeza de que não tinha mais o que respirar. As pernas doeram depois. A vida, vez em quando, é assim. Há momentos que a vida parece uma ladeira, igual a da competição. Por vezes, não há fôlego e, não sabemos como, a gente chega lá. A satisfação de completar algo faz a gente valorizar e guardar com carinho a medalha. Ainda mais as medalhas da vida. O importante é seguir, porque a oportunidade que temos, todos os dias, é gigante.
Depois das subidas e descidas do domingo, a semana começou na segunda-feira, devendo alguns pratos da jornada anterior. E, então, surge um ruído na vida pessoal. O que se faz com um ruído? E quando envolve alguém que você não só ama, mas cuida? O melhor é pedir desculpas. Sinceras, obviamente. E tudo fica entendido. Quem gerou o ruído, a gente deixa que a vida cuida. A oportunidade que temos, todos os dias, é gigante.
O tempo voa, mas a idade traz sabedoria. E uma artrose. Vamos continuar os exercícios e o autocuidado. E, é a coisa sábia que te faz não ter tanta pressa em falar, em reagir, mas aprender o momento e a maneira. A respirar para não responder imediatamente. Na maioria das vezes, o silêncio é o melhor caminho. Até porque nem tudo está sob controle. Quase nunca está. E está tudo bem. Porque a oportunidade que temos, todos os dias, é gigante.
Então, voltamos ao último sábado de setembro. A dona Raimunda cuida do marido, que ontem completou 95 anos. Pacientemente, ela faz um arranjo de flores. Depois, sob o olhar vívido do companheiro, faz um para ele. Naquele manuseio em silêncio, com a calma para sentar-se, alheia ao barulho que os outros fazem, sem dizer uma única palavra, deu o recado. De que não é questão de pressa. “Devagar, mas sem pausar”, resume o professor de natação, revelando o segredo do condicionamento. Motivo: a oportunidade que temos, todos os dias, é gigante.
É a constância de ir. Sempre em frente.
A vida é gigante.