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A semana da Andréa: celulares, joias, o futuro e os ursinhos

por Andréa Pontes

Uma comidinha “conforto” (foto de A.P.)

Esse texto é fruto de uma agenda minha e da Fal.

Talvez, no íntimo, ele soubesse, que não estava em um momento propício para nascer. A vida é tão, tão vida. Quando ela dá para ser intensa, agitada, meu Deus.

O corpo precisa de descanso. Uma semana cercada de joias que a cada dia são mais bem explicadas. Que o PIB está maior. O Jornal Nacional nos explica direitinho o que isso significa. Vamos poder viajar, comer melhor, há um futuro por aí. O mercado é inquieto. Os ministérios estão balançando. Negociações a serem feitas.

 Sábado foi dedicado ao olhar da alma. A alma, ao espiritual, ao acordarmos para algo maior que nossas pequenezas. Depois, igualmente importante, os amigos. Se tem algo que não podemos deixar de ter nessa vida são eles.

Ah, os filhos. Se não os temos, como sabê-lo, já dizia o “poetinha” Vinícius. O meu é azul – autista – e estamos começando a deixá-lo brincar com crianças no condomínio. O menino ganhou independência, foi parar na casa de um amiguinho – que ele sabe dizer o nome, não o apartamento. E os pais ficam doidos. Haja respiração cachorrinho. Há um disfarce entre “moleque é assim mesmo”, “mas, esse é o meu moleque” e “se fazem algum mal a ele?”.

As pequenas coisas que nos aborrecem ficam menores. A vida é maior, somos maiores. Pena que a gente fica refém dessas pequenas coisas, essas quase bactérias, de tão minúsculas. Não deveriam. Nem deveriam.

Uma novela de 2005 nos mostra aparelhos celulares de “flip” – saudades que eu mato com um, mais atual. Mostra coisas que ainda existem – do populismo ao preconceito. Pois é, 2005, ainda temos prefeitos como Naldo, de “Senhora do Destino” – pessoas que asfaltam estradas às próprias fazendas. Uma ursa, na Itália, 2005? Pois é, ela foi morta, em um território em que a caça é proibida – e deixou filhotes sozinhos. Ainda há filhos, filhotes, por aí, sozinhos. 2023 não dá conta, 2005. Não dá.

Mas, cá estou, humildemente, tentando encerrar o fim de semana com dignidade. Até porque, a semana, como nos engana o domingo, já começou.

Respira, inspira, medita. E dorme. Setembro está aí.

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